sábado, 25 de novembro de 2017

Jornada de Cal Rasen - Capítulo 7 - O Estrago Está Feito

Abertura: The Noose – The Offspring




1.7 – O Estrago Está Feito



Havia acabado. Dimitri estava derrotado e sua missão tinha sido arruinada. Valna, derrotado por Palace, tinha fugido também, antes que seu irmão pudesse fazer mais alguma coisa e piorar sua situação.

Irma finalmente se sentiu compelida a se aproximar de Cal, que largava o que sobrou da Claymore ao chão. – Cal…

Eu acho… – Cal disse, com um tom cansado – ...Que eu vou precisar de um descanso.

Cal disse aquilo com uma expressão completamente exausta, antes de desabar quase em cima de Irma, sendo prontamente amparado por Palace. Vera, vendo a cena, olhou para Palace, que já entendia a situação toda e deu um conselho a ela. – Quer uma dica? Você precisa sumir.

Vera deu uma expressão triste a Palace, mas entendia o que precisava fazer. Deu as costas ao trio sem precisar responder. No entanto, antes de partir, Irma chamou sua atenção. – Espera.

Vera se virou por um instante, para ver uma igualmente exausta Irma dar um olhar gentil a ela. – Obrigada. Por ajudar.

Vera não respondeu. Apenas se virou e voltou a correr na direção da savana. Irma permaneceu olhando naquela direção, até que Palace dirigiu a palavra a ela enquanto colocava Cal em suas costas.

Bem, todo mundo está cansado, e você está encardida e esfarrapada da maratona infernal que passou. O que me diz de irmos todos pra alguma enfermaria e esperar o seu cavaleiro sem armadura brilhante acordar? – Palace já havia notado que Cal havia enfrentado toda a bagunça sem sequer uma armadura para proteger ele. Cal estava oficialmente munido apenas de uma jaqueta e calça jeans e uma camiseta azul-piscina como vestimenta.

O comentário de Palace fez Irma finalmente reparar que seu uniforme de escola estava bastante danificado dos dias na Fábrica de Robôs e a bagunça com a Legião. Olhou envergonhada para o ex-Legionário. – Uh, eu… Tá.

Beleza. Vamos ver se dá pra entrar em um hospital em Lighthalzen sem a gente se meter em mais encrenca. – Disse Palace, agora carregando Cal de volta para a cidade, com Irma o acompanhando.




Lighthalzen, 8 de Abril de 1009, 9:35.

Cal havia finalmente aberto os olhos depois de quatro dias dormindo como uma pedra. Levou dez minutos até que ele recobrasse totalmente a consciência e percebesse que estava em uma cama de hospital. Forçou seu corpo para cima, sentindo o peso dele, colocou a mão direita à cabeça, ajustando sua visão, e finalmente olhou para a esquerda, reparando Palace sentado ao lado dele.

Nada mau, Rasen. Não é qualquer um que consegue fazer Dimitri Markolevich sentir medo. – Disse Palace, reagindo ao Cavaleiro recém-acordado e tentando entender onde estava.

Pera, tem coisa fora do lugar aqui. – Cal estava fazendo esforço para voltar ao mundo real. – Eu sei que eu abati o Dimitri e caí inconsciente, mas como eu cheguei aqui? E cadê a Irma? E a maluca que resolveu trocar de lado?

Palace prontamente apontou o dedo na direção oposta da cama e Cal se virou, notando uma menina de cabelos castanhos e roupas novas, adormecida de bruços sobre a cama.

Por algum motivo, ela parece gostar do uniforme de escola e se recusou a escolher qualquer roupa que não parecesse com ele. – Disse Palace, o que fez Cal reparar que ela estava basicamente vestindo o mesmo uniforme de Kiel Hyre, agora com as cores trocadas por rosa na camisa e gravata e cinza na saia e colete. – E do jeito que ela tá grudando em você, parece que agora ela é a sua carga.

Espera aí, como assim “a minha carga”? – Reagiu Cal, frustrado – Eu só concordei de tirar ela da Fábrica de Robôs.

Espera mesmo deixar ela nas mãos do seu amiguinho Spikier depois de tudo que aprendeu? – Respondeu Palace. – Você viu o lance todo, Cal. Vai ser praticamente jogar ela nas mãos da Rekenber.

Cal olhou novamente para ela, dormindo tranquilamente. Deu um suspiro frustrado. – …Como é que eu consegui uma trolha dessas pra mim mesmo? Ah é, eu ia matar ela pra resolver tudo e então tive essa epifania de que não ia resolver nada.

Palace entendia o discurso frustrado de Cal. Ele mesmo não sabia o que fazer com a própria vida, e agora tinha uma pessoa de quem cuidar. Cal então decidiu mudar de assunto. – Então… Desertor agora, né? Creio que a Vera esteja no mesmo caso.

Ela vai ter que sumir do mapa por um bom tempo enquanto seu clã lida com o caso do Dimitri. – Completou Palace.

E o da Edith. – Tentou completar Cal, antes de notar que Palace iria corrigi-lo. – Não?

Dimitri tem outros planos. E aposto que ele já está trabalhando pra tirar a Edith Stein do caminho.

Mas ela é a líder da Legião, ele não pode simplesmente…

– …Observe e aprenda. – Disse Palace, já ciente do que aconteceria. Cal estava entendendo a situação e não gostando nada do que ouvia.

– …É tão ruim assim? – Perguntou ele a Palace.

É. – A resposta foi monossilábica e precisa. Cal apenas se limitou a olhar enquanto Irma finalmente acordava e percebia que seu salvador estava consciente.

Eu entrei bem nessa agora. Bom trabalho, Cal”, pensava enquanto a menina avançou nele para um abraço, deixando-o confuso. “Bom trabalho mesmo.”




Aeroporto de Lighthalzen, 15:23.

Cal já havia se despedido de Palace. Assistia o ruivo de dreadlocks deixar o Aeroporto enquanto se preparava para decidir seu próximo destino. Ao seu lado, estava sua nova companhia, Irma. Mas naquele momento, ele estava absorvendo toda a sequência de eventos da última semana.

Cal havia acabado de ganhar pontos negativos com Dimitri Markolevich, que obviamente era muito mais poderoso do que o que já havia sido demonstrado em Portus Luna. Sua empreitada a favor de Noah Spikier agora lhe rendeu uma companhia com a qual ele mesmo não sabia lidar. E no instante em que ele tentou contatar o mesmo, descobriu que ele havia sumido do radar da Ordem do Trovão, para a fúria de Thelastris do outro lado da Pedra do Eco pela qual ele se comunicava.

Você definitivamente quis deixar essa trolha toda pra mim, não foi, Noah? – Disse a si mesmo, enquanto Palace sumia de sua vista no meio da cidade mais moderna de Schwarzvald. Não deixou de reparar que a menina de cabelos castanhos a seu lado agora prestava atenção nele. – Bem, estamos juntos nessa agora. Não posso te garantir que vai estar mais segura comigo do que estava no Instituto.

Se o que eu ouvi essa semana inteira é verdade… – Respondeu Irma – …Então eu não estou segura em lugar nenhum mesmo.

Faz sentido. – Cal suspirou, reparando na situação. Agora que ele estava protegendo o protótipo mais valioso da Rekenber, ele seria um alvo. E sem dúvida nenhuma, ela também seria. E como Noah a havia criado para ser nada mais que uma mera adolescente, ela não estava condicionada ao propósito da Corporação: ser a arma de combate perfeita. – Ela já não gostou de saber do Noah. Que maravilha vai ser quando eu falar pra ela que estampei um alvo na minha própria cara.

Cal então foi em direção ao balcão, comprar a primeira passagem para Juno, e de lá, ele voltaria para Izlude. Sinalizou com a mão, indicando para que Irma o seguisse. – Você vem?

Sim! – Ela respondeu, cheia de energia, correndo em direção a Cal. Cal, por sua vez, se perguntava como as coisas iriam acontecer dali em diante.

Para Cal, a viagem tinha acabado de começar, mas iria durar muito mais do que só um passeio de Aeroplano.






Duas pessoas observavam Cal e Irma conforme o Cavaleiro pegava suas passagens e se dirigia para as docas para pegar o voô para Juno.

Uma delas era um homem, passando dos trinta anos. Cabelos prateados repartidos, olhos castanhos brilhantes. A armadura que trajava era adornada com cristais azuis em diversos pontos, com uma beca que parecia uma cruza entre uma capa e um sobretudo. A outra pessoa era uma mulher de longos cabelos louros e olhos verdes azulados, aparentando ser pouco mais velha do que Cal. O casaco longo cinzento que ela vestia tinha fileiras de cristais enrugados em seus ombros.

Ela havia acabado de chegar ao local e reparou que o homem de armadura estava com os olhos fixos em Cal. – …Então, é ele? O garoto que ajudou Draloth.

Pelo visto, é ele mesmo. Já juntei informação suficiente sobre ele. – Disse o homem. – O descendente de Malachias Rasen. Herdeiro de um potencial incrível. O Blitzritter.

Ele reparou que eram apenas ele e a maga conversando. – Pelo visto, os outros não quiseram mesmo vir.

Cada um possui propósitos próprios – Respondeu a mulher – e uma de nós escolheu trabalhar com o inimigo até onde sabemos. E nenhum desses quatro está interessado na sua busca por vingança.

E você está? – Reagiu o homem.

A mulher com quem Draloth é casado é responsável pelo que me aconteceu. – Os olhos bege demonstravam uma expressão gélida naquela mulher – Sua busca por Draloth coincide com a minha busca por ela.

O olhar daquele homem agora fitava o vazio. Lembrava de tudo o que passou e do porque estava na sua busca. A mania era visível em seus olhos por um instante. – Cinco anos. Consciente. Mesmo depois de morto. Destruíram minha sanidade em vida, e o que sobrou dela estava indo embora depois de morto. Eu devo tudo isso a Draloth. Foram as ações dele que me colocaram lá.


Contanto que não pule em mim ou em outras pessoas quando acabar… – A mulher resolveu pegar seu próprio rumo, deixando o homem com seus pensamentos – …Faça como quiser, Seyren Windsor.

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Bem, com isso, o remake do Livro 1 da Jornada de Cal Rasen está completo e postado no fórum. Existe mais umas coisas adicionais que eu gostaria de colocar, e eu certamente estou louco pra começar a trabalhar no remake do Livro 2.

Tem mais umas coisinhas em que eu ando trabalhando a minha cabeça, mas fiquem tranquilos, eu não devo abandonar o blog de novo tão cedo.

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