Prólogo
– Após Sograt
18
de Março de 1009.
Uma semana havia se passado após o evento que ficaria conhecido como
a Batalha de Sograt.
A sequência de eventos foi muito rápida para todo mundo. Em um mês,
a rápida sucessão de eventos pegou Rune-Midgard, bem como o resto
do mundo, de surpresa. Leafar Belmont, o herói que havia detido
Surtr na Ruína e Hrymm em outras duas ocasiões, havia morrido dias
depois do lendário Jotun sair do selo e nivelar a cidade de Morroc.
A Ordem do Dragão ficou desorientada como resultado do evento, e a
Ordem do Trovão teve que correr contra o relógio para encontrar
formas de deter o monstro, enquanto Rune-Midgard começava a formar
uma aliança com Schwarzvald e Arunafeltz para fazer alguma coisa a
respeito de tal ameaça.
Isso culminou numa violenta batalha envolvendo doze mil pessoas de
inúmeros clãs contra o próprio Jotun em pessoa. Das quais só
cinco mil sobreviveram. Ainda assim, obtiveram resultado: Morroc foi
seriamente ferido, especialmente devido a não estar em condição de
liberar toda sua força. O Jotun foi forçado a recuar, usando quase
toda a sua força para criar um gigantesco buraco similar às bocas
de vermes gigantes espalhadas por Sograt, com dentes formados por
pedras e, em seu centro, uma enorme orbe de energia cujas leituras de
mana estavam fora de toda e qualquer compreensão humana.
E apesar de tudo isso, Cal Rasen ainda preferia estar andando pelo
mundo a liderar seu clã, a Ordem do Trovão. Era isso o que ele
estava fazendo nos últimos meses, antes de tudo explodir na cara
dele com o ressurgimento do Demônio de Morroc. Isso não agradava a
muitos membros no clã, especialmente Thelastris, que não gostava de
ser incumbida de liderar um clã. Certamente também não agradava
Johan, que olhava sério enquanto Cal preparava uma mochila com seus
pertences.
– ...Você vai viajar por aí de
novo? – Questionou o Mercenário louro de olhos azuis e um corte
espetado.
– E qual é o problema com isso?
– Respondeu o Cavaleiro, também louro, de olhos castanhos.
– Não sei, talvez o fato de que
você tem um clã pra liderar? – Johan manteve sua resposta seca e
precisa. – Você não tem motivo pra sair andando por aí, ou tem?
– Eu tenho alguns assuntos a
terminar, especialmente com o Ferus. – Respondeu Cal, sem tirar os
olhos de sua mochila.
– Sua lista de assuntos vai
acabar te custando caro, Cal.
A nova voz vinha da garota alta, de pele e cabelos longos escuros e
olhos castanhos que estava entrando no quarto de Cal. E ela não
parecia de bom humor. – Eu vim avisar que estou saindo de férias.
– Deixa eu adivinhar, Thelastris.
– Reagiu Johan. – Sem paciência pros moleques que vieram tentar
ser como o clã que colaborou pra derrubar o Demônio de Morroc? Não
é como se eu quisesse a fama também… E os novatos idiotas que
isso tem trazido.
– Quanta consideração de vocês
dois. – Respondeu Cal. – Mas eu preciso de alguém que cuide do
clã se eu não estiver disponível.
– Eu preciso de descanso, não de
um trabalho que era pra você fazer. – Respondeu Thelastris. –
Sem mencionar que você não é o único com assuntos pendentes.
Isso levou a Mercenária a virar seus olhos para Johan. – Bem,
agora você não tem mais veneno letal correndo no seu sangue,
espetado. Já decidiu o que vai fazer com sua vida?
– Já fui encarregado pelo Kidd
de manter o olho em Detto e seus amiguinhos. Detto parece estar
ganhando a confiança do pessoal daqui. Uma hora ele vai tentar tirar
vocês dois da cadeia de comando. Alguém tem que estar aqui pra
impedir isso. – Johan foi bem direto quanto à resposta. – E eu
já sei que ele é quem vai cuidar dos assuntos do Cal enquanto ele e
você estiverem fora. Eu já conheço muito bem a cadeia de comando
da Ordem do Trovão.
Houve um silêncio estranho entre os três. De fato, Cal, apesar de
seus confrontos anteriores com Detto, havia confiado a ele um pouco
de controle sobre o povo caso tanto ele quanto Thelastris estivessem
fora de alcance. Mas Detto, acima de tudo, não era confiável. Nem
aos olhos de Johan e nem da Thelastris. Para a Mercenária, porém,
era como se ela já estivesse prevendo que as ações de Cal
acabariam custando caro.
– Eu manterei contato com o
pessoal. – Thelastris foi a primeira a quebrar o silêncio. – E
eu espero que o senhor, Cal, faça o mesmo.
– Farei meu melhor. – Disse o
Cavaleiro, conforme fechava sua mochila, já pronta. Thelastris não
respondeu, apenas deixando a sala. Cal estava se preparando pra
deixar suas despedidas para o pessoal do clã, mas Johan o deteve de
sair da sala. O ex-Escorpião Vermelho mantinha o olhar sério.
– Esse clã é a coisa mais
próxima de uma família que eu consegui desde que encontrei o
Gustave, Cal. Eu sugiro que não destrua tudo com o que quer que a
sua busca seja. – Disse ele, num tom sério.
– O que de ruim poderia
acontecer, Johan? – Respondeu Cal, sem muito a dizer. Johan, porém,
sabia que uma pergunta como essa era apenas uma inspiração pra que
o destino fizesse seu trabalho.
Johan então abriu o caminho para Cal, deixando-o passar pela porta.
Os caminhos de Cal, Johan e Thelastris agora pareciam estar se
separando, mesmo que apenas temporariamente. Cada um tinha um
propósito próprio. Cal estava apenas seguindo seu coração, sem
talvez pensar que isso pudesse estar afetando suas responsabilidades.
Thelastris estava tentando fugir de responsabilidades que ela não
estava considerando como sendo dela. Johan, porém, estava temendo
que as atitudes dos dois poderia acabar trazendo consequências para
o clã que Cal ergueu.
Que destino isso eventualmente traria para a Ordem do Trovão? O que
estaria escrito no futuro de Cal e das pessoas conectadas a ele?
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O que você está vendo aqui sou eu começando a reescrever os eventos da Jornada de Cal Rasen, uma fanfic... Interminada que eu comecei na época da Ordem do Trovão.
A ideia de recontar completamente os eventos da Jornada surgiu quando meu amigo Fellipe Fortes mencionou sobre "quando eu reescrever a Jornada". Eu já estava me inspirando a voltar a escrever, então eu aproveitei a chance pra recomeçar a contar a história.
Muitos elementos da fic original vão ser severamente alterados, mudando o tom de vários momentos da história. Quero tornar a relação entre Cal e Irma mais orgânica, inicialmente com um Cal lidando com uma situação nova, mas eventualmente se apegando à garota e decidindo protegê-la a todo custo. Também quero ligar vários pontos antigos, e mexer a personalidade e background de alguns personagens, especialmente de dois membros do grupo do Cal.
Também quero colocar momentos extras na história, informações adicionais que complementam conteúdo que se passa ao futuro dessa história, depois do fim da Ordem do Trovão.
Espero dessa vez terminar o meu trabalho, inclusive, pra ser honesto.