Abertura:
The Noose – The Offspring
1.7 – O Estrago Está
Feito
Havia acabado. Dimitri estava
derrotado e sua missão tinha sido arruinada. Valna, derrotado por
Palace, tinha fugido também, antes que seu irmão pudesse fazer mais
alguma coisa e piorar sua situação.
Irma finalmente se sentiu
compelida a se aproximar de Cal, que largava o que sobrou da Claymore
ao chão. – Cal…
– Eu
acho… – Cal disse, com um tom cansado – ...Que eu vou precisar
de um descanso.
Cal disse aquilo com uma
expressão completamente exausta, antes de desabar quase em cima de
Irma, sendo prontamente amparado por Palace. Vera, vendo a cena,
olhou para Palace, que já entendia a situação toda e deu um
conselho a ela. – Quer uma dica? Você precisa sumir.
Vera deu uma expressão triste
a Palace, mas entendia o que precisava fazer. Deu as costas ao trio
sem precisar responder. No entanto, antes de partir, Irma chamou sua
atenção. – Espera.
Vera se virou por um instante,
para ver uma igualmente exausta Irma dar um olhar gentil a ela. –
Obrigada. Por ajudar.
Vera não respondeu. Apenas se
virou e voltou a correr na direção da savana. Irma permaneceu
olhando naquela direção, até que Palace dirigiu a palavra a ela
enquanto colocava Cal em suas costas.
– Bem,
todo mundo está cansado, e você está encardida e esfarrapada da
maratona infernal que passou. O que me diz de irmos todos pra alguma
enfermaria e esperar o seu cavaleiro sem armadura brilhante acordar?
– Palace já havia notado que Cal havia enfrentado toda a bagunça
sem sequer uma armadura para proteger ele. Cal estava oficialmente
munido apenas de uma jaqueta e calça jeans e uma camiseta
azul-piscina como vestimenta.
O comentário de Palace fez
Irma finalmente reparar que seu uniforme de escola estava bastante
danificado dos dias na Fábrica de Robôs e a bagunça com a Legião.
Olhou envergonhada para o ex-Legionário. – Uh, eu… Tá.
– Beleza.
Vamos ver se dá pra entrar em um hospital em Lighthalzen sem a gente
se meter em mais encrenca. – Disse Palace, agora carregando Cal de
volta para a cidade, com Irma o acompanhando.
Lighthalzen, 8 de Abril de
1009, 9:35.
Cal havia finalmente aberto os
olhos depois de quatro dias dormindo como uma pedra. Levou dez
minutos até que ele recobrasse totalmente a consciência e
percebesse que estava em uma cama de hospital. Forçou seu corpo para
cima, sentindo o peso dele, colocou a mão direita à cabeça,
ajustando sua visão, e finalmente olhou para a esquerda, reparando
Palace sentado ao lado dele.
– Nada
mau, Rasen. Não é qualquer um que consegue fazer Dimitri
Markolevich sentir medo.
– Disse Palace, reagindo ao Cavaleiro recém-acordado e tentando
entender onde estava.
– Pera,
tem coisa fora do lugar aqui. – Cal estava fazendo esforço para
voltar ao mundo real. – Eu sei que eu abati o Dimitri e caí
inconsciente, mas como eu cheguei aqui? E cadê a Irma? E a maluca
que resolveu trocar de lado?
Palace prontamente apontou o
dedo na direção oposta da cama e Cal se virou, notando uma menina
de cabelos castanhos e roupas novas, adormecida de bruços sobre a
cama.
– Por
algum motivo, ela parece gostar do uniforme de escola e se recusou a
escolher qualquer roupa que não parecesse com ele. – Disse Palace,
o que fez Cal reparar que ela estava basicamente vestindo o mesmo
uniforme de Kiel Hyre, agora com as cores trocadas por rosa na camisa
e gravata e cinza na saia e colete. – E do jeito que ela tá
grudando em você, parece que agora ela é a sua carga.
– Espera
aí, como assim “a minha carga”? – Reagiu Cal, frustrado – Eu
só concordei de tirar ela da Fábrica de Robôs.
– Espera
mesmo deixar ela nas mãos do seu amiguinho Spikier depois de tudo
que aprendeu? – Respondeu Palace. – Você viu o lance todo, Cal.
Vai ser praticamente jogar ela nas mãos da Rekenber.
Cal olhou novamente para ela,
dormindo tranquilamente. Deu um suspiro frustrado. – …Como é que
eu consegui uma trolha dessas pra mim mesmo? Ah é, eu ia matar ela
pra resolver tudo e então tive essa epifania de que não ia resolver
nada.
Palace entendia o discurso
frustrado de Cal. Ele mesmo não sabia o que fazer com a própria
vida, e agora tinha uma pessoa de quem cuidar. Cal então decidiu
mudar de assunto. – Então… Desertor agora, né? Creio que a Vera
esteja no mesmo caso.
– Ela
vai ter que sumir do mapa por um bom tempo enquanto seu clã lida com
o caso do Dimitri. – Completou Palace.
– E
o da Edith. – Tentou completar Cal, antes de notar que Palace iria
corrigi-lo. – Não?
– Dimitri
tem outros planos. E aposto que ele já está trabalhando pra tirar a
Edith Stein do caminho.
– Mas
ela é a líder da Legião, ele não pode simplesmente…
– …Observe
e aprenda. – Disse Palace, já ciente do que aconteceria. Cal
estava entendendo a situação e não gostando nada do que ouvia.
– …É
tão ruim assim? – Perguntou ele a Palace.
– É.
– A resposta foi monossilábica e precisa. Cal apenas se limitou a
olhar enquanto Irma finalmente acordava e percebia que seu salvador
estava consciente.
“Eu
entrei bem nessa agora. Bom trabalho, Cal”, pensava enquanto a
menina avançou nele para um abraço, deixando-o confuso. “Bom
trabalho mesmo.”
Aeroporto de Lighthalzen,
15:23.
Cal já havia se despedido de
Palace. Assistia o ruivo de dreadlocks deixar o Aeroporto enquanto se
preparava para decidir seu próximo destino. Ao seu lado, estava sua
nova companhia, Irma. Mas naquele momento, ele estava absorvendo toda
a sequência de eventos da última semana.
Cal havia acabado de ganhar
pontos negativos com Dimitri Markolevich, que obviamente era muito
mais poderoso do que o que já havia sido demonstrado em Portus Luna.
Sua empreitada a favor de Noah Spikier agora lhe rendeu uma companhia
com a qual ele mesmo não sabia lidar. E no instante em que ele
tentou contatar o mesmo, descobriu que ele havia sumido do radar da
Ordem do Trovão, para a fúria de Thelastris do outro lado da Pedra
do Eco pela qual ele se comunicava.
– Você
definitivamente quis deixar essa trolha toda pra mim, não foi, Noah?
– Disse a si mesmo, enquanto Palace sumia de sua vista no meio da
cidade mais moderna de Schwarzvald. Não deixou de reparar que a
menina de cabelos castanhos a seu lado agora prestava atenção nele.
– Bem, estamos juntos nessa agora. Não posso te garantir que vai
estar mais segura comigo do que estava no Instituto.
– Se
o que eu ouvi essa semana inteira é verdade… – Respondeu Irma –
…Então eu não estou segura em lugar nenhum mesmo.
– Faz
sentido. – Cal suspirou, reparando na situação. Agora que ele
estava protegendo o protótipo mais valioso da Rekenber, ele seria um
alvo. E sem dúvida nenhuma, ela também seria. E como Noah a havia
criado para ser nada mais que uma mera adolescente, ela não estava
condicionada ao propósito da Corporação: ser a arma de combate
perfeita. – Ela já não gostou de saber do Noah. Que maravilha vai
ser quando eu falar pra ela que estampei um alvo na minha própria
cara.
Cal então foi em direção ao
balcão, comprar a primeira passagem para Juno, e de lá, ele
voltaria para Izlude. Sinalizou com a mão, indicando para que Irma o
seguisse. – Você vem?
– Sim!
– Ela respondeu, cheia de energia, correndo em direção a Cal.
Cal, por sua vez, se perguntava como as coisas iriam acontecer dali
em diante.
Para Cal, a viagem tinha
acabado de começar, mas iria durar muito mais do que só um passeio
de Aeroplano.
Duas pessoas observavam Cal e
Irma conforme o Cavaleiro pegava suas passagens e se dirigia para as
docas para pegar o voô para Juno.
Uma
delas era um homem, passando dos trinta anos. Cabelos prateados
repartidos, olhos castanhos brilhantes. A armadura que trajava era
adornada com cristais azuis em diversos pontos, com uma beca que
parecia uma cruza entre uma capa e um sobretudo. A outra pessoa era
uma mulher de longos cabelos louros e olhos verdes azulados,
aparentando ser pouco mais velha do que Cal. O casaco longo cinzento
que ela vestia tinha fileiras de cristais enrugados em seus ombros.
Ela havia acabado de chegar ao
local e reparou que o homem de armadura estava com os olhos fixos em
Cal. – …Então, é ele? O garoto que ajudou Draloth.
– Pelo
visto, é ele mesmo. Já juntei informação suficiente sobre ele. –
Disse o homem. – O descendente de Malachias Rasen. Herdeiro de um
potencial incrível. O Blitzritter.
Ele reparou que eram apenas
ele e a maga conversando. – Pelo visto, os outros não quiseram
mesmo vir.
– Cada
um possui propósitos próprios – Respondeu a mulher – e uma de
nós escolheu trabalhar com o inimigo até onde sabemos. E nenhum
desses quatro está interessado na sua busca por vingança.
– E
você está? – Reagiu o homem.
– A
mulher com quem Draloth é casado é responsável pelo que me
aconteceu. – Os olhos bege demonstravam uma expressão gélida
naquela mulher – Sua busca por Draloth coincide com a minha busca
por ela.
O
olhar daquele homem agora fitava o vazio. Lembrava de tudo o que
passou e do porque estava na sua busca. A mania era visível em seus
olhos por um instante. – Cinco anos. Consciente. Mesmo depois de
morto. Destruíram minha sanidade em vida, e o que sobrou dela estava
indo embora depois de morto. Eu
devo tudo isso a Draloth. Foram as ações dele que me colocaram lá.
– Contanto
que não pule em mim ou em outras pessoas quando acabar… – A
mulher resolveu pegar seu próprio rumo, deixando o homem com seus
pensamentos – …Faça como quiser, Seyren Windsor.
---------------------------------------------------------------------------------
Bem, com isso, o remake do Livro 1 da Jornada de Cal Rasen está completo e postado no fórum. Existe mais umas coisas adicionais que eu gostaria de colocar, e eu certamente estou louco pra começar a trabalhar no remake do Livro 2.
Tem mais umas coisinhas em que eu ando trabalhando a minha cabeça, mas fiquem tranquilos, eu não devo abandonar o blog de novo tão cedo.